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A psicose e autismo, são grandes
distúrbios do desenvolvimento que bloqueiam na criança a formação de vínculos
e relação satisfatória com os outros. Ela está tão dominada por seu mundo
interno, caótico e angustiado, que tem truncado a sua percepção da realidade
externa ao ponto de que as outras pessoas passam a ser sentidas como ameaçadoras.
Conseqüentemente elas são levadas a buscar segurança em um mundo próprio,
fantasiado e secreto.
As crianças psicóticas captam a realidade de acordo com o próprio mundo,
afetado por muitas fantasias. O autismo por ser um estágio mais avançado
da psicose infantil, acarreta um bloqueio ainda maior.
"Para os autistas o mundo é aquilo que parece ser..."
Devido a dificuldade de discriminação do tempo, não possuem vontade própria,
iniciativa, não conseguem também direcionar a atenção, por isso também,
não dirigem o olhar. Se exigirmos que as crianças normais olhem do todo
para um ponto específico ou vice versa elas conseguem. "Os autistas não..."
Eles possuem um déficit de coerência central.
Segundo o DSM IV estão presentes no Autismo os seguintes sintomas: Acentuada
falta de alerta da existência ou sentimento dos outros; Ausência ou busca
de conforto anormal por ocasião do sofrimento; Imitação ausente ou comprometida,
jogo social anormal ou ausente; Incapacidade nítida para fazer amizade com
seus pares; Ausência de modo de comunicação; Comunicação não verbal altamente
normal. Em alguns casos os transtornos autísticos estão associados e são
decorrentes a condições médicas como: espasmos infantis, rubéola congênita,
esclerose tuberosa, lipoidose cerebral e anomalia da fragilidade do cromossoma
x, estão entre as mais comuns.
O autismo é definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido
que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo característico
de funcionamento anormal nas áreas de interação social, comunicação e comportamento
restrito e repetitivo. O Transtorno é três ou quatro vezes mais frequente
em meninos que em meninas. E segundo estatísticas da Organização mundial
da saúde uma em cada mil crianças nasce autista.
COMO LIDAR?
Mobilizar a sociedade. Ter consciência que é um problema biológico que afeta
a mente com muita gravidade. É uma síndrome cerebral. Não é mística. É importante
ter um diagnóstico precoce, pelo menos na idade dos três anos. Psicoeducação
para os pais e irmãos. Não enrolar ninguém e nem reservar informação é ou
não é autista grave ou não.
A família e os especialistas precisam trabalhar em conjunto. Mudança gradual
e comportamental. É necessário a utilização de medicamentos consultando
para isso, um profissional especialista da àrea médica. Devemos tratá-los
como indivíduos, respeitando suas limitações e o seu jeito de ser, sem discriminação
e rotulação.
TRATAMENTO
Sabemos que existem uma série de técnicas, modelos e métodos para o tratamento;
Bem como uma série de abordagens. Existem também, novas terapias medicamentosas
importantíssimas e que se ministradas por um especialista trarão um grande
benefício para o quadro.
Gostaria de apresentar aqui, um modelo de tratamento que venho desenvolvendo
à vários anos.
UMA PROPOSTA AFETIVA
Muitas experiências terapêuticas, a maioria até, são efetuadas com crianças
vivendo em suas casas. E de fato, acreditamos que se isto for possível,
deve ser tentado. Devemos considerar preferível um afastamento periódico
da família em raros casos, e circunstância extremas.
"Mas porque tratá-las em um ambiente longe da família..."?
Existem casos que já passaram por uma ou mais experiências psicoterápicas
sem evolução satisfatória ao longo de vários anos e o convívio familiar
influenciado por repetidas frustrações, chega a um momento de ruptura, no
qual um afastamento provisório entre família e criança se impõe como medida
restauradora para ambos os lados.
"O tratamento institucional tem como objetivo, curar os impulsos e estabelecer
o sentimento de pertinência na criança..."
É necessário um ambiente que ofereça modelos de idenficação saudáveis para
estes pacientes, como uma "comunidade terapêutica" onde os mesmos possam
ao longo do tempo, de acordo com a condição interna de cada um e suas limitações
irem adquirindo um referencial.
Chamamos esta proposta afetiva de "MATERNAGEM" que é um processo atitudinal
de base psicanalítica, que visa o resgate ou a reestruturação do processo
de formação de identidade em sujeitos com estruturas de personalidade comprometidas
como psicose,autismo,etc....
Ela é composta de três processos: a Identificação (ou espelho) que visa
o reconhecimento do outro, do corpo e desejo do paciente, descrito por (
J.Lacan), onde a introjeção e a formação do conceito de sí é realizada e
dá-se por uma imitação controlada (comportamental) por parte do terapeuta,
onde ele age como um espelho ao pé da letra. A Introjeção do mesmo processo
e posteriormente a sua Projeção. Acredita-se que cada processo da vida,
se desenvolva de acordo com um plano de base bem definido.
Com esta técnica o processo terapêutico ocorre no contato com a referência
profissional, favorecendo o desenvolvimento afetivo ou o resgate deste.
Mediante este contato com o profissional de referência irá formar-se um
vínculo o qual estimula os indivíduos a se relacionarem com a realidade
do seu dia a dia fortalecendo-os para que possam lhe dar melhor com suas
angústias em seu desenvolvimento.
Tenho observado ao longo de vários anos tanto no Núcleo de Integração Luz
do Sol, que é uma instituição especializada situada em Atibaia/SP, como
em outras instituições e clínicas em vários estados, que através desta prática
"Maternagem", os indivíduos com diversos tipos de transtornos vem apresentando
comportamentos mais adequados ao ambiente e exigências sociais, existindo
também o crescimento nas diversas àreas do desenvolvimento.
* Mauro Sergio Stepanies é psicologo pela USF,
membro do GEPAPI (Grupo de Estudos e Pesquisas em Autismo e outras Psicoses
Infantis). Diretor e fundador do Núcleo de Integração Luz do Sol em Atibaia/SP.
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